RECOZIMENTO PARA RECRISTALIZAÇÃO

Este tratamento é realizado para corrigir a morfologia dos grãos de metais deformados plasticamente. Quando um metal é conformado a frio  sua dureza aumenta, com a movimentação de discordâncias.

Como as próprias discordâncias são barreiras para a movimentação de outras discordâncias, tem-se o 
aumento da dureza (decréscimo de ductilidade). Este efeito é conhecido na como endurecimento por deformação plástica ou comumente chamado de ENCRUAMENTO. 

Além disso, quando a peça é deformada plasticamente, a sua microestrutura tende a acompanhar 
a direção da deformação. Assim, se uma peça for “achatada”, seus grãos irão adquirir também uma morfologia “achatada".

Estes grãos encruados (ou seja, com maior densidade de discordâncias) possuem energia acumulada. Como a natureza tende a permanecer numa situação de baixa energia, o estado encruado não é uma situação “confortável” para o material. 

Este só não retorna ao seu estado menos energético (não encruado), ou seja, com menor densidade de 
discordâncias, pois os átomos não têm mobilidade para fazer isto. Quando este material encruado é aquecido (geralmente acima de 600 ºC para os aços) a estrutura cristalina adquire mobilidade suficiente para recuperar o nível de discordâncias original. 

No entanto, as discordâncias não somem simplesmente por “mágica”. O caminho que a natureza encontrou para reduzir a quantidade de discordâncias é nuclear um novo grão com densidade de discordâncias menor dentro do grão encruado. Estes núcleos crescem e renovam a microestrutura formando uma microestrutura, agora com grãos equiaxiais. 

É interessante ressaltar que é necessário que o material esteja encruado para que a recristalização ocorra. A temperatura de patamar necessária para a recristalização depende do grau de encruamento do material. Em geral, quanto maior o seu grau de encruamento menor é a temperatura de patamar necessária para recristaliar. 

Isto ocorre porque o material mais encruado possui mais energia acumulada na forma de defeitos cristalinos, necessitando de menor energia térmica para iniciar o processo de recristalização.

Note também que apesar de um novo grão ter nucleado e crescido alterando a microestrutura, não houve transformação de fase. No aço, o grão de ferrita não encruado irá nuclear dentro da ferrita encruada!

Logo, neste tratamento não há transformação de fase. Isto implica em dizer que podemos renovar a microestrutura sem aquecer demasiadamente a liga. Porém, é necessário deformá-la plasticamente antes do tratamento. 

O tempo de patamar necessário para a completa recristalização varia de 30 a 60 minutos. O ciclo térmico deste tratamento pode ser idêntico ao ciclo do recozimento para alívio de tensões.

Vale a pena lembrar que apesar do recozimento para alívio de tensões e o recozimento de recristalização terem 
ciclos térmicos praticamente idênticos, o objetivo dos tratamentos são diferentes, assim como o seu resultado. 

Como sabemos o tratamento térmico não é caracterizado pelo ciclo térmico somente. O que vale é o seu objetivo. Logo, o objetivo principal do recozimento para recristalização é diminuir dureza e aumentar a ductilidade de materiais endurecidos por deformação plástica. 

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