DAMASCO VERDADEIRO
Aço bruto de baixo carbono era martelado em laminas muito finas. Uma pilha dessas lâminas era mantida junta com arames. Em um cadinho, aço com alto teor de carbono era aquecido até derreter. As pilhas de laminas de aço com baixo carbono eram mergulhadas no aço de alto carbono derretido.
O aço frio então “sugava”, por ação de capilaridade entre as lâminas da pilha, o aço derretido. Com isso o aço das laminas era parcialmente fundido, soldando as laminas em uma massa sólida. Essa massa era “forjável” (por martelamento) por um CURTO ESPAÇO DE TEMPO, sendo martelada para dar forma enquanto ainda estava quente.
Um grande problema de laminas fabricadas dessa forma é que elas não podem ser reaquecidas e reforjadas como o aço martelado e o aço wootz. Devido ao teor de ferro fundido, quando uma lamina de aço damasceno é reaquecida, uma batida com martelo faz com que ela se quebre em vários pedaços, como descobriram os ferreiros europeus quando tentaram reforjar algumas espadas trazidas pelos cruzados.
Portanto, após o martelamento grosseiro feito ainda com o calor do ferro fundido, o único trabalho a fazer na lamina era retífica, afiação e polimento. Como esse trabalho final se dava por remoção de material, as camadas internas eram reveladas, criando padrões ondulados responsáveis pela confusão na identificação correta desses processos.
Três fatos são ainda dignos de nota com relação a esses processos:
PRIMEIRO: no Damasco verdadeiro o fio de corte não é uma aresta contínua e sim serrilhada. Os padrões ondulados na lamina eram causados por camadas moles e duras (baixo carbono e alto carbono) de metal. Com a afiação da lamina as camadas mais moles são retiradas mais facilmente que as mais duras, deixando um fio serrilhado microscópico.
Esse fio corta materiais moles mais facilmente que um fio continuo, mas não tem boa resistência contra armaduras já que os pequenos dentes tendem a quebrar, cegando o fio rapidamente.
SEGUNDO: o minério de ferro existente na região da cidade de Damasco possui um percentual de 7% de um mineral chamado Wolfram na idade média. Hoje chamamos esse mineral de Tungstênio e hoje ele é usado para fazer os melhores aços do mundo. Isso significa que os ferreiros da região de Damasco foram, sem saber, os primeiros a fabricar aços ligados.
TERCEIRO: Damasco Verdadeiro parou de ser produzido no século 14 quando o conquistador Tártaro
Tamerlão (Timur) invadiu a cidade de Damasco e capturou todos os ferreiros de lá para trabalharem para seu exército. A cidade nunca mais se recuperou como centro metalúrgico depois disso.
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