AÇO DAMASCO ORIGINAL (Reprodução do aço damasco original)

A literatura descreve uma série de maneiras diferentes de se reproduzir este aço. A produção da matéria prima do aço Damasco, representou um grande desafio para este estudo, só superado após várias tentativas.

Carregou-se um cadinho de alumina de pequenas dimensões com 350 g de Fe de alta pureza, 7,35 g de carbono grafite de 99% de pureza. O conjunto foi colocado em um forno de indução com atmosfera inerte. 

O aquecimento foi lento, atingindo 1.400°C. Quando o metal fundiu, o forno foi desligado e o lingote foi deixado em seu interior para resfriar e solidificar 

Obtido o aço UHC ( Ultra High Carbon)   procedeu-se da seguinte forma: o material foi austenitizado a 1.150°C. Este tratamento tem por objetivo dissolver totalmente a cementita na austenita, para em seguida, durante lento resfriamento, permitir que o carboneto precipite somente nos contornos de grão.

Por último, o material é aquecido novamente e mantido durante 3 horas a 800°C. Este procedimento visa produzir uma descarbonetação superficial no lingote, que age como um envelope dúctil.
Isto impede que trincas produzidas na cementita durante o forjamento se propaguem até a superfície, provocando o rompimento do material.

Finalmente o lingote foi forjado pelo Remo Nogueira. Este forjamento foi realizado entre 650°C e 750°C.

O forjamento rompe, fragmenta e alinha a cementita, formando faixas de partículas grosseiras de carboneto dentro de uma matriz ferrítica com carbonetos finos e esferoidizados. 

São as faixas formadas por estas partículas que produzem os 
desenhos do damasco. O processo todo termina, quando os desenhos são revelados depois de cuidadoso 
polimento e ataque químico.

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REFERÊNCIAS
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2 Verhoeven JD. Aço Damasco genuíno: um tipo de microestrutura em aços hipereutetóides.  
3 Fiegel LS. On Damascus steel. New York: Atlantis Art Press; 1991.
4 Charre D. Microestruturas de aços e ferros fundidos. New York.
5 Smith CS. História da metalografia: o desenvolvimento de ideias sobre a estrutura dos metais antes de 1890. Cambridge: The MIT Press.
6 Khorasani MM. Armas e armaduras do Irã.  Da idade do bronze até o final do período Qajar na Alemanha. 
7 Zakey AR. Estudos sobre espadas islâmicas, estudos de arte e arquitetura islâmicas. In honour of K.A.C. Cairo: Cresswell; 1965.
8 Feuerbach A. Crucible Damascus Steel: A Fascination for Almost 2000 Years. 
9 Alexander D. Espadas e sabres durante o início do período islâmico.
10 Slaughter C. Espada de Damasco um produto da civilizaçao islâmica [dissertação de mestrado]. São Paulo: Escola Politécnica. Universidade de São Paulo; 2014.
11 Sherby OD, Wadsworth J. Damascus Steels. Sci Am.
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12 Verhoeven J, Pendray AH, Berge PM. Estudos das lâminas de aço de Damasco: Parte I - Experiências com lâminas reconstruídas. 
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16 Molina RC. Contribuição ao estudo da fabricação de armas brancas com aço Damasco (tese de doutorado). Madrid: Universidad Complutense de Madrid
17 Sherby OD, Wadsworth J. On the Bulat - Damascus steels revisited. 
18 Callister Jr. Ciência e engenharia de materiais. 8. ed. Rio de Janeiro
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20 Feuerbach AM. Aço de cadinho na Ásia: produção, uso e origens.
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Fundição de aço por difusão.
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24 Sherby OD. Aços de ultra-alto carbono, aços Damasco e ferreiros antigos. 
25 Verhoeven J, Pendray AH, Berge PM. Studies of Damascus steel blades: Part II- Estudos das lâminas de aço de Damasco: Parte II Destruição e reforma dos padrões.
26 Verhoeven J. O mistério das lâminas de Damasco.
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30 Sanchez LG.Chaves metalúrgicas para fabricação de espadas em aço Damasco segundo a Oficina Persa de Shamshirsaz Assad Allah [tese de doutorado].  Madrid: Universidade Complutense de Madrid;  2011.

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