KATANA ANTIGA

A Katana de um samurai era muito mais que uma arma, ela era praticamente a sua alma, espiritualidade, essência e valores, tudo isso ligado ao duro treinamento regado de regras de conduta por que passavam antes de finalmente receberem o título de Samurai.

Antes da espada de um Samurai ser forjada, o ferreiro tirava todas as medidas que precisava para saber qual seria o tamanho exato da Katana, qual a sua curvatura para ter uma melhor eficiência, normalmente as Katanas tinham de 60 a 75 cm e sua curvatura iniciava no meio da lâmina, dependendo do projeto final que o ferreiro obtinha, como detalhes na bainha, a espada podia levar mais de cinco anos para ficar pronta.

O mestre e seus discípulos que estavam sendo preparados para se tornarem samurais caminhavam até um rio próximo e coletavam uma areia chamada Satetsu, um produto recorrente da erosão do minério de ferro que podia ser encontrada na maioria dos rios no Japão Medieval, essa areia era fundamental na diferença de têmpera e resistência da lâmina de cada Katana.

O modo com que acendiam o Satetsu também passava por uma espécie de ritual, onde as chamas seriam geradas a partir de um espeto de metal, que era aquecido até que ficasse incandescente então um papel de arroz era encostado no espeto que o acendia, só então esse papel era jogado dentro de um recipiente de barro chamado Tatara onde estava o Satetsu,. Carvalho, carvão de pinho e algumas palhas naturais eram adicionadas, aumentando o fogo dentro do Tatara.

Depois de 5 dias queimando a 1500 °C, o carvão, o ferro e o carbono gerados na queima se fundiam gerando um bloco de aço chamado de Tamahagane, esse bloco era repartido em pedaços ainda cheios de impurezas.

Depois que cada aprendiz escolhia o seu pedaço de aço, era hora de iniciar o processo de fundição, onde o aço seria golpeado várias vezes, tornando a distribuição de carbono mais homogênea e melhorando a dureza da lâmina.

Depois de golpeada, a chapa de aço resultante seria quebrada em vários pedaços e então empilhada para ir ao forno. Para evitar que o aço fosse totalmente derretido, argila liquida era derramada sobre a pilha de chapas antes de essas irem à fornalha.

Depois de sair da fornalha, as camadas de aço incandescentes eram golpeadas para que se compactassem ao máximo, quando chegavam a um bom nível de compactação, o aço era dobrado ao meio e novamente golpeado até atingir seu nível ideal, esse processo era repetido por seis vezes dobrando para um lado e outras seis vezes na direção oposta, sendo periodicamente posto na fornalha novamente para manter o material incandescente e criando um alto número de camadas de aço cada vez mais compactadas. Se o aço fosse dobrado apenas uma vez para o lado errado, a lâmina acabaria ficando desproporcional e o trabalho teria que ser recomeçado do zero.

Quando o processo de formação das camadas é finalizado, o aço já tem o formato parecido com o de uma lâmina pronta, porém sem a curvatura, o mestre inicia o desenho do fio com uma mistura de argila liquida e pó de carvão usando pincéis de bambu, nesse momento o mestre se tornava um verdadeiro artista deixando sua marca na Katana.

Pela ultima vez o aço estaria se encontrando com o fogo, a mais difícil das etapas se inicia, mergulhar a lâmina incandescente numa tina com dois metros de comprimento por um metro de largura e altura, onde a água devia estar a uma temperatura exata selecionada de acordo com o mês do ano e as condições climáticas do local. O mergulho deve ocorrer em um ângulo que só os mais experientes conseguem calcular, esfriando cada camada gradativamente e gerando a curvatura perfeita na lâmina, um pequeno erro pode acabar jogando fora o trabalho que talvez tenha levado anos.

Depois de tanto tempo de trabalho o único processo restante é o de polimento, que era realizado com mais de cinquenta tipos de pedras diferentes dependendo do tipo da lâmina obtida no final.

A criação do Tsuba (a proteção do punho, mais conhecida como guarda) e do Tsuka (o punho, onde a Katana é segurada), também tem um sentido especial em cada Katana forjada, em todas elas ambas as partes tem algum sentido sentimental ou histórico para seu criador e podiam ser retiradas através da remoção de uma pequeno pino de bambu que os fixavam na lâmina, assim esta podia ser consertada se levasse algum dano sério ou se o Samurai quisesse trocar o Tsuba por outra.

O Tsuba era a peça da Katana que dava o maior valor estético depois da Saya (bainha da Katana), e a que tinha mais detalhes em ouro ou outros metais nobres, como prata, cobre, bronze e etc. A Saya, era sempre  muito bem decorada e feita de uma madeira não tão resistente quando a madeira do Tsuka, tendo também vários desenhos e acabamentos em ouro e outros metais.

O Tsuka precisava ser feita da madeira mais resistente que fosse encontrada no Japão Medieval, pois era ela que aguentava toda a pressão dos golpes do Samurai e também precisava ser coberta com o Same (couro de arraia ou de algumas espécies de tubarão) que era responsável por não deixar com que o Tsukaito (amarração que trançava o Tsuka com cordas de seda) deslizasse e acabasse se desamarrando ou soltando do Tsuka. As tranças do Tsukaito, além de não permitirem que a Katana deslizasse nas mãos, absorviam o suor e aumentavam a aderência.



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