A CASA DA SABEDORIA

A era de Ouro do Islã foi inaugurada no meio do século VIII pela ascensão do Califado Abássida.
Durante este período, o mundo islâmico se tornou o centro intelectual da ciência, filosofia, medicina e educação, os Abássidas abraçaram a causa do saber e criaram a "Casa da Sabedoria" em Bagdá. 

Ao contrário dos contemporâneos cristãos, os muçulmanos não viam contradição entre o conhecimento das leis da natureza e a religião. Assim, eles incorporaram Aristóteles e Platão, enquanto a Igreja católica via suas ideias como uma ameaça a seus dogmas.

Os textos dos grandes filósofos gregos foram traduzidos para o árabe ficando disponíveis para todos os acadêmicos em Bagdá. O árabe era a língua do conhecimento. 
Desenvolveram a álgebra e trigonometria, engenharia e astrono-
mia. Entretanto, os maiores avanços ocorreram na medicina. 

Enquanto os europeus depositavam sua esperança de cura em Deus, os muçulmanos desenvolveram a teoria de que as doenças eram causadas por pequenos organismos e que, por isso, aqueles que tinham doenças deveriam ser isolados e tratados. 

Foi o conceito básico que fundamenta os modernos hospitais. Os estudos sobre anatomia foram tão desenvolvidos que permaneram como novidade seis séculos mais tarde.

Estudos aprofundados sobre a luz, seus efeitos e a fisiologia do olho foram desenvolvidos na casa da sabedoria por Ibn Al-Haytham, considerado o pai da ótica. 
Mil anos antes que o ocidente adotasse a prática, médicos muçulmanos já operavam catarata.

A assimilação da tecnologia da produção do papel proveniente da China tornou possível a distribuição do novo conhecimento que se desenvolvia por todo o Império. 

Enquanto a Europa vivia o que muitos chamam de Idade das Trevas, com a maior parte do mundo cristão mergulhado em pobreza e atraso científico, Córdoba, a província islâmica na Europa, era próspera e sofisticada.Possuia palácios, livrarias, hospitais, mesquitas, etc. 

Uma grande parte de todo este avançado conhecimento científico e filosófico, desenvolvido pelos muçulmanos durante o período, foi traduzido do árabe para o latim sendo, então, transferido para a Europa. Platão e Aristóteles foram redescobertos pelos europeus medievais através de traduções de textos da filosofia árabe. 

O grande teólogo São Tomás de Aquino, que teve contato com os 
textos do filósofo muçulmano, utilizou suas idéias para justificar a separação entre fé e razão. Esta postura comum na civilização islâmica tornou-se a base do questionamento científico europeu.

Estas traduções e influências criaram novo fluxo de idéias que, somado a outros fatores, viriam a desencadear uma série de eventos que seriam reconhecidos mais tarde sob o nome de Renascimento.

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