BREVE HISTÓRIA DO KARAMBIT
*Steve Tarani, especialista em prontidão operacional, instrutor de opções de força certificado pelo governo federal. Presta serviços ao Departamento de Defesa dos EUA, Agência de Segurança Nacional, FBI, Departamento de Segurança Interna e Drug Enforcement Administration*
De acordo com meus mestres e a tradição oral que foi transmitida de mestre para discípulo por séculos, antes de 1280 dC, a maior parte de Java Ocidental fazia parte dos reino Pajajaran. A tribo Badui de Java Ocidental, povo aborígene de Sunda, considerado do grupo étnico Pajajaran, viveu de forma relativamente pacífica até a vinda do império Majapahit (circa 1351 AD). Naquela época, a tribo Badui rapidamente migrou para a região montanhosa acidentada do ocidente, trouxe as suas armas e manteve-se independente.
Os antigos reis de Sunda eram considerados muito poderosos. Quando um rei morria, seus súditos acreditavam que seu espírito voava pela selva e tornava-se o espírito de um tigre. Existem dois termos para o tigre que domina as selvas de Java Ocidental. Um deles é Harimau, que é a palavra no dialeto Bahasay indonésio para o tigre, o outro é Pak Macan (pronuncia-se "Pah-mah-chahn" - às vezes escrito Pamacan), que quer dizer "grande tigre".
Assim, o grande tigre é muito venerado pelos Sudanes. O povo de Sunda era tão impressionado pelo poder e ferocidade do Pamacan, que a lâmina comum foi modelada com a forma da garra do tigre. Esta grande lâmina ficou conhecida como Kuku Macan, ou "garra de Pamacan". Traduzido literalmente como "Garra de Tigre", o Kuku Macan era não só reverenciado simbolicamente, mas também empregado na prática.
Originalmente brandido no campo de batalha, o grande Kuku Macan era um pouco complicado de manipular, por isso foi reduzido a tamanhos menores, que aumentou sua manobrabilidade. Muito parecido com o que ocorreu com as espadas da antiga Europa, que acabaram sendo reduzidas de uma pesada arma de duas mãos para uma arma leve, usada com uma só mão. Diversas variações do Kuku Macan foram desenvolvidos com base no seu uso prático.
Como diz o ditado, "A necessidade é a mãe da invenção". Assim como o desenvolvimento do punhal ocidental, o desenho do Kuku Macan passou a tamanhos menores até chegar ao menor tamanho: o Karambit de uso pessoal.
O Karambit também é chamado Kuku Bhima (literalmente "a garra de Bhima"). Antes do Século XII, como resultado do estabelecimento hindu no arquipélago da Indonésia, vieram o Mahabharata, grande épico da dinastia Bharata e o Ramayana, dois épicos importantes da Índia. Valorizados tanto pelo elevado mérito literário quanto pela inspiração religiosa. Contido no Mahabharata está o Bagavadgita ("canção do Senhor"), que é o texto religioso mais importante do hinduísmo. Bhima é um dos personagens mais venerados do Mahabharata. Bhima era uma divindade hindu frequentemente representada com uma pequena lâmina na mão.
Quando um guerreiro desembainhava o Karambit no campo de batalha, a ponta estava quase sempre com algum tipo de veneno mortal, que atuava quase instantaneamente após a entrada na corrente sanguínea através de laceração da carne. Mesmo o menor corte era suficiente para lançar o veneno na corrente sanguínea. O conhecimento e uso de venenos derivados de várias espécies de sapos venenosos, cobras, escorpiões e aranhas eram considerados um elemento essencial do arsenal de combate aproximado de um guerreiro.
Estes venenos aceleravam rapidamente morte e eram temidos por sua força letal quase instantânea. Esta é outra razão pela qual as técnicas do Pencak Silat e de sistemas como Sabetan e Rhikasan focam na imobilização das mãos em distâncias curtas.
Os Karambits pessoais (versão menor do Karambit do campo de batalha) foi concebido essencialmente para o atingir nervos e articulações. Como resultado de tal pequena superfície, a maioria dos cortes não pode ser feita a uma profundidade suficiente para matar alguém. É por isso que o Karambit pode ser considerado uma arma de defesa pessoal. Em contraste, a lâmina da Karambit Besar (uma versão maior ou de combate do Karambit pessoal) permite cortes mais profundos.
De acordo com os antigos, o Karambit de combate era o preferido, não só por seu comprimento superior, mas pelo fato de que você poderia, como resultado do fio de corte longo, "espalhar as entranhas dos seus inimigos no chão". No entanto, assim como no Ocidente, o advento das armas de fogo, tornou as armas brancas obsoletas no campo de batalha e relegadas ao uso como facas utilitárias que vemos hoje.
Muitas vezes usado como última linha de defesa nos tempos antigos, os alvos do Karambit pessoal incluíam os olhos, testículos, o tendão de Aquiles, artéria carótida, bíceps, antebraço e punho. Um alvo particularmente desagradável dos tempos antigos era a clavícula. Executado com perfeição, o Karambit iria atingir a clavícula com sua ponta para baixo e então, rapidamente virando a palma para cima, usando seu peso corporal, agarraria o osso, inutilizando assim o braço de seu inimigo.
Especificamente concebido como um arma de defesa pessoal aproximada, o antigo Karambit era bastante difícil de ver, devido ao seu método de emprego por estar escondido pelos dedos. Duplamente ameaçador por não poder ser desarmado, como resultado do desenho de sua empunhadura. Detalhe único do Karambit entre todas as lâminas, é sua habilidade de de adaptar á diferentes distâncias de luta sem alterar a posição do braço do lutador.
Era também a única lâmina utilizada em batalha que podia cortar duas vezes com um único movimento de braço. Todos as outras lâminas da época precisavam de um movimento para cada corte. No campo de batalha o Karambit era único porque não podia ser facilmente visto; Não poderia ser facilmente desarmado; Podia mudar de distância sem o movimento do corpo; Podia efetuar dois ataques em um movimento de braço único.
Hoje, embora não mais usado no campo de batalha, o Karambit é empregado como uma ferramenta utilitária, ferramenta de treinamento de artes marciais e também pode ser usado para a proteção pessoal no combate de perto.
No século 21, nos Estados Unidos, o Karambit se fez muito popular entre campistas, caçadores, praticantes de artes marciais, colecionadores, entusiastas de facas e cidadãos preocupados em defesa pessoal, que optam por carregar uma faca que também possa ser usada em caso de agressão.
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