FACAS DE TESOURAS DE TOSQUIA
Há mais de um século estas tesouras eram empregadas na tosquia de ovelhas no Rio Grande do Sul. Por seu clima frio e boas pastagens de campo nativo, o Estado possui o maior rebanho de ovelhas do País e o maior acervo de tesouras de tosquia.
Substituídas por modernas máquinas de tosquiar foram esquecidas nos galpões das fazendas. Há muito tempo, de forma artesanal, essas antigas tesouras passaram a ser transformadas em facas por ferreiros e cuteleiros da zona da campanha no interior do Estado.
As tesouras importadas, produzidas
com aço carbono de alto teor, com ligas semelhantes as encontradas nas facas Inglesas e Alemãs da época,despertaram o interesse dos Cuteleiros que passaram a transformar em facas de excelente qualidade.
A transformação das tesouras em facas é tarefa trabalhosa e requer bons conhecimentos na área de Cutelaria. No seu formato original tem curvatura no sentido da ponta e do dorso para o fio e não apresenta toda a dureza que este aço pode oferecer, por ser desnecessário para tesouras. Na transformação precisam ser: destemperadas, batidas, recortadas, formatadas,
retemperadas, polidas,
encabadas, Afiadas.
Os antigos métodos de têmpera, substituídos por tratamento térmico em fornos modernos permitem que os aços das tesouras Inglesas e Alemãs atinjam de 57 a 59 HRC. Tesouras produzidas no Brasil, Uruguai e Argentina não possuem a mesma qualidade.
Entre as facas, adagas e facões antigos de produção nacional merecem destaque especial as gaúchas Formiga e Besouro, produzidas na época com carbono de alto teor e forjadas, com dureza superior as obtidas com aços carbono produzidos hoje, de acordo com a A.B.N.T. Nas importadas antigas, as peças mais cobiçadas são as SCHOLBERG, cuja marca é um coqueiro em pé ou deitado.
Esses materiais foram importados de 1850 a 1936. Inicialmente por Scholberg &Gaddet, sendo sucessores Scholberg e Joucla e por último Scholberg & Cia. Os importadores eram pelotenses e os exportadores de Liége na Bélgica.
Esses materiais, mesmo produzidos a mais de século, não têm concorrentes, hoje, em aços da mesma nomenclatura. Eram produzidos como ferramentas, apresentavam qualidade, resistência e durabilidade.
Nos mesmos moldes, as peças antigas importadas de outros paises tinham o mesmo tratamento e mais tecnologia. Entre elas destaques especiais para as produzidas em Solingen na Alemanha, Sheffield na Inglaterra e ainda as Suecas, Austríacas e Francesas, entre outras.
É BOM SABER
Celebrated, Waranted, Cast Steel e Englisch Steel, sem menção a uma cidade Inglesa, indica que as lâminas foram produzidas na Alemanha, Áustria e Boêmia e eram destinados ao mercado nortes americanos até 1891. Uma lei tarifária do Estados Unidos de 1890 passou a obrigar que o nome do país de origem esteja timbrado na lâmina das facas importadas. Esta prática foi adotada por muitos fabricantes.
CAST STEEL – aço fundido inventado em 1740 para fazer molas de relógios, foi muito usado em lâminas entre
1840 e 1920.
STAINLESS STEEL – aço inoxidável inventado em 1914.
SHEAR STEEL e DOUBLÉ SHEAR STEEL – aço aparado ou duplamente aparado – tipo de lâmina obtida dogolpeamento de cilindro de aço em alta temperatura. O termo “Doublé” era usado quando inicialmente o próprio cilindro era obtido dessa forma.
A WILKINSON iniciou atividades em 1772 fabricando espadas e armas de fogo. Em 1804 lhe foi conferido o título de Armeiro Real, quando passou a fabricar as espadas do Reino Inglês. A partir de 1887 começou a fabricação de navalhas de altíssima qualidade e outros artigos de cutelaria.
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