FALSO DAMASCO OU DAMASCO CALDEADO

Estas lâminas são produzidas a partir da sobreposição mecânica de placas com alto e baixo teores de carbono alternados. Obviamente não é produzido a partir de um único material, como no caso do aço damasco original e apresenta processamento totalmente diferente. Sua aparência superficial pode ser muito semelhante ao autêntico. Devido às propriedades mecânicas excepcionais e renome do aço de Damasco genuíno, é possível que este tenha inspirado o que é produzido por caldeamento, no intuito de replicar suas características.

O damasco soldado acabou tendo seu desenvolvimento próprio e após séculos, uma rica variedade de tipos foi produzida, tendo atingido alto grau de refinamento, principalmente na Europa.

A técnica de se formar lâminas compostas era conhecida na Europa desde antes da era cristã e permitia obterem-se espadas de melhor desempenho. Uma lâmina podia, por exemplo, possuir alma de aço com baixo teor de carbono e a região do corte composta de outro 
aço com alto teor de carbono, conferindo à lâmina tenacidade na alma e dureza no fio. Desta forma, inúmeras configurações podiam ser feitas de forma a adequar a lâmina da espada a sua forma de utilização e finalidade específica. 

O desenvolvimento das técnicas de forjamento, habilitaram os ferrei-
ros medievais a desenvolverem lâminas com padrão superficial cada vez mais complexo e semelhantes ao do padrão damasco autêntico, principalmente à partir do período merovíngio, possivelmente na tentativa de se replicar as espadas com padrão de damasco genuíno.

As técnicas europeias de forjamento de lâminas caldeadas continuaram se desenvolvendo ao ponto em que, durante os séculos XVIII e XIX, as reproduções caldeadas por forjamento atingiam tal grau de sofisticação e semelhança com as 
lâminas orientais, que se acreditou que o segredo da produção da espada de damasco havia sido descoberto. 

Acreditava-se, erroneamente, que os padrões ondulados observados nas lâminas islâmicas eram obtidos através de caldeamento e
deformação mecânica de barras, lâminas ou ainda outros formatos de peças de aço de diferentes composições. 

Os exemplares produzidos por tais técnicas eram tão parecidos que se tornava difícil distinguir entre uma lâmina de damasco autêntica e sua 
imitação caldeada, mesmo para um especialista. Uma das formas de se reconhecer uma espada autêntica era por meio do som cristalino que esta produzia quando golpeada, diferente do som abafado produzido pela versão caldeada. 

Além disso, as lâminas de damasco provenientes de um único lingote UHC podem apresentar uma quantidade de padrões que, embora variado, é limitado. Por outro lado, um padrão de damasco produzido por caldeamento pode apresentar uma variedade de texturas tão grande quanto a criatividade do ferreiro permitir, devido à possibilidade de se sobrepor lâminas de diferentes espessuras e composições, barras, pequenas 
placas, em combinações quase ilimitadas, assim como usar diversas técnicas de deformação tais como torcer todo o conjunto ou mesmo dobrar.

A tenacidade e resistência mecânica destas espadas é superior à daquelas produzidas na Europa do séc. X. Isso ocorre devido à maior 
uniformidade do conjunto, que já não apresentava separação de materiais entre a alma e a região de corte. 

Entretanto, a estrutura metalúrgica destas espadas é totalmente 
diferente da encontrada em um aço de Damasco autêntico, pois ele é produto de um único lingote e, portanto, seus padrões não proveem da sobreposição mecânica de
diferentes materiais.


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