Postagens

TIPOS DE AÇO INOX

AUSTENÍTICOS Os aços inoxidáveis austeníticos são os maiores, em termos de número de ligas e de utilização. Como os ferríticos, os austeníticos não podem ser endurecidos por tratamento térmico, tendo o nível de teor de carbono restrito, mas as adições principalmente de níquel muda a estrutura, em temperatura ambiente, para arranjo atômico cúbico de face centrada que é também não magnético (ou seja, tem uma baixa permeabilidade magnética). Dependendo do teor de níquel os aços austeníticos respondem a trabalho a frio com aumento da resistência mecânica, podendo ser utilizado em operações severas de conformação, evitando ruptura prematura e trinca. O endurecimento por encruamento é acompanhado pelas mudanças parciais na estrutura, com a conformação de uma fase de martensita ferro magnetica, o que explica porque com a deformação a frio pode ocorrer os aços austeníticos "magnéticos" Os aços mais usados tipo 304 (1.4301) tem 17% de cromo e 8% de níquel com excelente ductilidade, co

AÇO INOX E A CORROSÃO

Corrosão é a inimiga natural dos metais. Os aços comuns reagem com o oxigênio do ar formando uma camada superficial de óxido de ferro. Essa camada é extremamente porosa e permite a continua oxidação do aço produzindo a corrosão, popularmente conhecida como "ferrugem". CAMADA PASSIVA É uma camada extremamente fina, contínua, estável e muito resistente formada sobre a superfície do Aço Inox, pela combinação do Oxigênio do ar com o Cromo do aço e que o protege contra a corrosão do meio ambiente. FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICA DA CAMADA PASSIVA Aparece espontaneamente quando há presença de Cromo e Oxigênio. A formação é extremamente rápida, isto é, instantânea (Cromo e Oxigênio têm muita afinidade). É muito estável (não se desprende) e está presente em toda a superfície do aço. Não é porosa (bloqueia a ação do meio agressivo). É praticamente invisível. Cuidar bem do inox significa cuidar bem da Camada Passiva. LIMPEZA DE ROTINA Os melhores amigos do Aço Inox são o sabão, os detergente

CLASSIFICAÇÃO DO AÇO DAMASCO

Durante toda a Idade Média e provavelmente desde a Antiguidade, diversos  estudiosos dedicaram-se a estudar a grande variedade de lâminas de aço de Da masco, surgindo diversos sistemas de classificação. Cada classificação leva em  consideração critérios que, embora diferentes, giram basicamente em torno de qua tro características:  COR. GEOMETRIA DOS PADRÕES VISÍVEIS NA SUPERFÍCIE DA LÂMINA. LUGAR  DE MANUFATURA. PROCESSO DE FABRICAÇÃO.  As lâminas mais conhecidas são: TABAN-KARA TABAN-KHORASSAN  KARA KHORASSAN-GUNDY-KONN GUNDY-NEURIS-SHAM. Segundo as cores e padrões, uma classificação aceita é: 1) - DAMASCOS NEGROS E BRILHANTES. Exemplos: Kara Khorassan   Negros de Khorassan e Kara Taban. 3) - DAMASCOS CINZAS – menos brilhantes que os negros. Entre eles encontramos as  variedades: Sham e as valiosas Kirk Narduban, também conhecidas como escada de Maomé ou escada do profeta. Há especialistas que avaliam as lâminas em função dessas cores e pelo con traste claro escuro dos padrões, assim

METODO DESENVOLVIDO POR WADSWORTH/SHERBY PARA CRIAR AÇO DAMASCO

Imagem
Segundo Sherby e Wadsworth o padrão Damasceno seria decorrência de faixas de cementita de origem pro-eutetóide alinhadas, responsáveis pela aparência  mais clara no desenho de Damasco, produzidas durante resfriamento lento e  controlado da austenita.  Esta cementita pro-eutetóide, que nucleia nos contornos de grãos austeníticos, é então quebrada pela deformação mecânica através de um complexo  procedimento de forjamento.  O primeiro passo é homogeneizar a estrutura bruta de  fundição, assim como uniformizar a distribuição do carbono na matriz austenítica. Isto  é feito pelo aquecimento do aço wootz até cerca de 1100°C  enquanto os primeiros passos da deformação ocorrem.  Em seguida o material é  reaquecido a 1100°C,permanecendo nessa temperatura por 48 hrs. Este  procedimento promove o surgimento de grãos grosseiros de austenita. A  temperatura é então lentamente reduzida permitindo a nucleação e crescimento de  cementita pro-eutetóide intergranular.  O aço de ultra alto ca

AÇOS UHC

Recentemente diversos aços com elevado teor de carbono e estrutura  inspirada nos aços de damasco tem sido comercializados. No Brasil, aços “pinpoint  carbide” (DIN 120Cr) ou ainda os 125Cr1/125Cr2.  Os UHCS (Ultra High Carbon Steels) são aços hipereutetóides com teor de  carbono entre 1 e 2%.  Aços com esse teor de carbono tem sido freqüentemente  associados à baixa tenacidade e alta fragilidade. Entretanto, a presença de  cementita pró-eutetóide, responsável pela fragilidade dos aços com tais teores de  carbono, pode ser evitada caso o processamento termomecânico seja adequado.  Durante esse processamento,pode-se obter grãos ferríticos extremamente refinados  e carbonetos esferoidizados finamente dispersos nessa matriz. Esta microestrutura  torna o aço superplástico a temperaturas próximas a A1.  A superplasticidade pode  tornar a deformação mecânica muito mais fácil e simples, eliminando etapas de  conformação, permitindo a produção de geometrias complexas. O produto final  apresent

A CASA DA SABEDORIA

A era de Ouro do Islã foi inaugurada no meio do século VIII pela ascensão do Califado Abássida. Durante este período, o mundo islâmico se tornou o centro intelectual da ciência, filosofia, medicina e educação, os Abássidas abraçaram a causa do saber e criaram a "Casa da Sabedoria" em Bagdá.  Ao contrário dos contemporâneos cristãos, os muçulmanos não viam contradição entre o conhecimento das leis da natureza e a religião. Assim, eles incorporaram Aristóteles e Platão, enquanto a Igreja católica via suas ideias como uma ameaça a seus dogmas. Os textos dos grandes filósofos gregos foram traduzidos para o árabe ficando disponíveis para todos os acadêmicos em Bagdá. O árabe era a língua do conhecimento.  Desenvolveram a álgebra e trigonometria, engenharia e astrono- mia. Entretanto, os maiores avanços ocorreram na medicina.  Enquanto os europeus depositavam sua esperança de cura em Deus, os muçulmanos desenvolveram a teoria de que as doenças eram causadas por pequenos organismos

MEDIDAS MANUAIS APROXIMADAS

Imagem
20 centímetros = 7,874 polegadas 15 centímetros = 5,906 polegadas 10 centímetros = 3,937 polegadas 05 centímetros = 1,969 polegadas 02 centímetros = 0,787 polegada 01centímetro    = 0,394 polegada

FACA COQUEIRO

Não era fabricada na cidade de Pelotas, como muitos pensam, mais sim importada pela firma Scholberg, cuja sede comercial estava em Liége, Bélgica. A referida firma, com filiais em Montevidéu, sob o nome de Broqua & Scholberg e na cidade de Rosário na Argentina.  Na grande parte de seus artigos especialmente os de "metal branco garantido", traziam gravados além desses dizeres, a insígnia de um pé de coqueiro ou uma estrela de cinco pontas. As facas vinham da Bélgica quase prontas recebendo aqui o cabo e bainha. O gaúcho dava preferência à marca do Coqueiro e desta a Coqueiro deitado. Esta marca aparecia junto ao cabo, colocada ao longo da lâmina (no comprimento) paralelo ao gume. Existia também o Coqueiro em pé, em que o mesmo ficava com a base virada para o fio, ou melhor, na largura da lâmina. Atualmente quem tem a felicidade de possuir uma faca Coqueiro a guarda como verdadeira jóia.

AÇO 5160

Imagem
É um aço com 0,6% de carbono e pequeno percentual de cromo. Muito usado na indústria automotiva em molas  de veículos (planas ou helicoidais) é o principal aço do cuteleiro iniciante e a preferência de muitos forjadores experientes.  Ótimo aço de se trabalhar e apresenta excelentes resultados, seja para uma espada seja para facas pequenas, médias ou grandes. Tem como características uma boa temperabilidade, alta resistência a tração e fadiga.  Na condição temperado e revenido sua dureza alcança níveis de 58 Hrc. Com excelente dureza e alta durabilidade, flexível, resistente ao choque, resistência ao desgaste de média a alta, tenacidade alta, dureza a quente baixa, deformação no tratamento térmico baixa. Com as seguintes temperaturas de tratamento térmico e propriedades Forjamento: 900 a 1050 °C Recozimento: 760 a 820 °C, com resfriamento em forno. O recozimento é dispensável, pois a normalização o deixa bem macio para usinagem. Normalização: 870 °C. Têmpera: 790 a 840 °C, com resfriame

METALURGIA

É a ciência que estuda e gerencia os metais desde sua extração do subsolo até sua transformação em produtos adequados ao uso. Metalurgia designa um conjunto de procedimentos e técnicas para extração, fabricação, fundição e tratamento dos metais e suas ligas. O estudo da metalurgia e desenvolvimento de novas ligas metálicas é realizado pelo homem desde a idade do bronze. Sempre em busca ne novos materiais com melhores propriedades, seja para ser usado em construções e utensílios ou utilizado para armas de guerra. Um exército equipado com um aço de melhor qualidade, levaria vantagem contra outro exército com materiais inferiores. Hoje em dia, dispomos de uma enorme variedade de ligas metálicas com as mais diversas propriedades mecânicas. Para uso em cutelaria há também uma grande variedade de materiais disponíveis, sendo que devemos o material correto de acordo com a aplicação, sendo observadas as principais propriedades: Forjabilidade Usinabilidade Facilidade no tratamento térmico Afiab

AÇO DAMASCO & METALOGRAFIA

Diferente do que ocorreu com outras ciências puras, ao longo da história, a metalurgia tem se beneficiado e desenvolvido, devido a interação a entre teoria e o conhecimento empírico.  Nesta área do saber, é muito evidente como a observação  prática e sua aplicação, precederam o conhecimento científico.  A cristalinidade dos metais foi constatada não como produto de uma previsão teórica, mas sim por meio da observação direta com microscópio. Interessante notar que isto ocorreu cerca de dois séculos depois que a biologia os utilizasse para seus estudos. Isto se deu, principalmente, porque as superfícies do metal a ser  observado deviam sofrer um tratamento adequado para, então, poderem ser observadas ao microscópio, fato que não era óbvio. Neste caso, não foi o conceito que  levou à descoberta, mas sim a própria observação empírica.  Os metais são constituídos de pequenos cristais, chamados hoje de grãos. Embora este fato só tenha sido plenamente compreendido pela ciência ao final do séc

ESTUDOS SOBRE O AÇO DAMASCO

Os primeiros textos citando o aço  damasco aparecem ainda no séc. IX com al Kindi Khora-sani um dos maiores filósofos/cientista islâmico medieval. Al Kindi era um gênio versátil. Suas contribuições abrangem astronomia, lógica, matemática, química, geometria física, medicina e música.  Os primeiros estudos científicos do aço de Damasco começaram com Pearson, na Inglaterra em 1795, que em seu trabalho sobre o aço indiano wootz concluiu que este se tratava mais de um aço do que de ferro.  Em 1804 Sherby e Wadsworth concluiram que o wootz continha alto teor de carbono e que isso podia ter relação com a formação do padrão de damasco das espadas. Em 1820, instigado pelos trabalhos de Sherby e Wadsworth, o cientista britânico Michael Faraday, que era filho de ferreiro e que ficaria mais conhecido por seus trabalhos em eletromagnetismo, também consagrou esforços para entender o wootz. Na França, liderando um grupo de cientistas, Breant chegou a  conclusão que a estrutura do aço damasco era for

REVENIMENTO: AJUSTE DA DUREZA E AUMENTO DA TENACIDADE

Imagem
O principal objetivo do revenimento é aumentar a tenacidade do material temperado. No entanto, existe outro objetivo importante no revenimento que é o ajuste de dureza. O que se faz é "calibrar" a dureza para valores menores que aqueles obtidos na têmpera, através da seleção adequada da temperatura e do tempo de revenimento. Faz-se isto consultando tabelas ou gráficos específicos para cada tipo de aço no qual é informada a faixa de dureza a ser obtida no revenido a uma determinada temperatura e tempo.  A tabela abaixo mostra um exemplo de  gráfico de revenido, onde pode-se obter uma orientação do tempo e temperatura necessários para atingir uma determinada dureza.

AÇO 5160 TENACIDADE DUREZA TEMPERATURA DE REVENIMENTO

Imagem
Os gráficos abaixo apresentam o comportamento da tenacidade e dureza do aço 5160 em função da temperatura de revenimento. Observe que, para um bom valor de tenacidade a temperatura de revenimento deve ser ao menos 190°C, sendo que a dureza cai quase que linearmente com o aumento da temperatura de revenimento. Logo a temperatura de revenimento deve ser algo em torno de 190 e 200°C. O aço 5160 tem uma tenacidade muito boa com um tratamento térmico usando uma temperatura de austenitização de 815/830°C e revenido a 190/205 °C.   Tratado termicamente com uma etapa criogênica, o resultado será        58,5/59,5 Hrc e tenacidade muito alta. 

DIAGRAMA DE FASE

Imagem
O diagrama de fase Ferro-Carbono (FeC) é uma representação gráfica que correlaciona a composição química da liga FeC com a temperatura, mostrando quais fases estão presentes em determinada composição e temperatura. O diagrama de fase é conhecido também por “diagrama de equilíbrio”, pois considera que há tempo suficiente para liga metálica se transformar na sua estrutura mais estável. TERMINOLOGIA UTILIZADA NO DIAGRAMA DE FASE AUSTENITA: É a fase da liga FeC com estrutura cristalina CFC, pode dissolver uma maior quantidade de carbono que a ferrita, chegando ao máximo em 2,0% de carbono dissolvido. CEMENTITA: É o carboneto de ferro (Fe3C), que é um material duro, resistente ao desgaste e frágil. Com um percentual de carbono de 6,67%. COMPONENTES: São os elementos químicos que fazem parte da liga metálica. No caso do diagrama de equilíbrio são considerados como componentes o Ferro (Fe) e o Carbono (C). EQUILÍBRIO: é a condição de mínima energia livre de um material, na condiçã

TEORIA x PRÁTICA

A teoria é fundamental para a prática, uma vez que aborda uma série de assuntos que serão vivenciados na cutelaria. Os conhecimentos teoricos são essenciais para ter uma formação completa. Aliar a teoria com a prática é fundamental para o crescimento do profissional.  O conhecimento teórico básico sobre metalurgia encurta o aprendizado prático, pois evita muitos erros e orienta na aplicação correta dos tratamentos térmicos.  O cuteleiro terá uma ideia preliminar dos resultados que serão obtidos num determinado processo.

METALURGIA

É a ciência que estuda e gerencia os metais desde sua extração do subsolo até sua transformação em produtos adequados ao uso. Metalurgia designa um conjunto de procedimentos e técnicas para extração, fabricação, fundição e tratamento dos metais e suas ligas. Hoje em dia, dispomos de uma enorme variedade de ligas metálicas com as mais diversas propriedades mecânicas. Para uso em cutelaria há também uma grande variedade de materiais disponíveis, sendo que devemos o material correto de acordo com a aplicação, sendo observadas as principais propriedades: Forjabilidade Usinabilidade Facilidade no tratamento térmico Afiabilidade Retenção de fio Disponibilidade Custo Resistência mecânica Tenacidade Dureza Resistência a corrosão Resistência ao desgaste Nenhum aço vai possuir em maior grau todas essas propriedades. O cuteleiro deve conhecer as propriedades do material que está trabalhando, principalmente as recomendações sobre tratamento térmico. Dessa forma, irá aproveitar ao máximo o que o aç

ETAPAS DO REVENIMENTO

Dependendo da temperatura, o revenimento apresentará aspectos diferentes, ocorrendo o seguinte: *REVENIMENTO ABAIXO DE 120ºC: a martensita, saturada de carbono, começa a liberar esse elemento na forma de carbonetos complexos (Fe12C5) progressivamente. Ocorre somente um distencionamento da martensita, e não um revenimento propriamente dito. O aspecto  metalográfico praticamente não muda.  *REVENIMENTO ENTRE 120/250ºC: esta é a zona para o revenimento de alta resistência ao corte. A medida que a temperatura aumenta as tensões internas diminuem o que melhora a resistencia ao choque, começa o aparecimento de microestrutura de martensita revenida e a dureza em aços comuns é da ordem de 65 – 60 HRc.  *REVENIMENTO ENTRE 250/300ºC: zona de resistência ao choque e menor dureza. As tensões  internas diminuem mais ainda pois nesta fase começa a surgir uma microestrutura mesclada  de martensita e troostita, a dureza cai para 50 – 60 HRc.  *REVENIMENTO ENTRE 300/400ºC: zona de melhor resistencia ao

PRODUZINDO O VERDADEIRO AÇO DAMASCO

Este experimento fundamentou-se, principalmente, em experiências  detalhadas descritas por Laura Garcia Sanchez (SANCHEZ, 2011) e O. Sherby (SHERBY, 1980, 2001). Atmosfera inerte foi utilizada de forma a impedir a oxidação do metal, a carga consistia apenas em placas de ferro e carbono grafite. O aquecimento foi lento, controlado por pirômetro óptico, levando cerca 1 hora para atingir perto de 1400°C. Constatada a fusão da carga, o forno foi desligado. O resfriamento lento tinha por alvo produzir uma microestrutura de grandes grãos com presença maciça de cementita nos contornos.  Era esperada também, a presença de cementita de widmanstatten no interior dos grãos. As micrografias abaixo revelam que a microestrutura prevista foi obtida. Além disso, a  análise química revelou que o teor de carbono obtido foi de 1,64%,  totalmente compatível com o encontrado nas lâminas de Damasco medievais. Em seguida, o material foi submetido ao tratamento de austenitização a 1150°C por 5 horas, seguido

AÇO DAMASCO & METALOGRAFIA

Diferente do que ocorreu com outras ciências puras, ao longo da história, ametalurgia tem se beneficiado e desenvolvido da valiosa interação entre teoria e o conhecimento empírico. Nesta área do saber, é muito evidente como a observação  prática e sua aplicação, precederam o conhecimento científico.  A cristalinidade dos metais foi constatada não como produto de uma previsão teórica, mas sim por meio da observação direta com microscópio. Interessante notar que isto ocorreu cerca de dois séculos depois que a biologia os utilizasse para seus estudos. Isto se deu, principalmente, porque as superfícies do metal a ser  observado deviam sofrer um tratamento adequado para, então, poderem ser observadas ao microscópio, fato que não era óbvio. Neste caso, não foi o conceito que  levou à descoberta, mas sim a própria observação empírica.  Os metais são constituídos de pequenos cristais, chamados hoje de grãos. Embora este fato só tenha sido plenamente compreendido pela ciência ao final do século

FALSO DAMASCO OU DAMASCO CALDEADO

Estas lâminas são produzidas a partir da sobreposição mecânica de placas com alto e baixo teores de carbono alternados. Obviamente não é produzido a partir de um único material, como no caso do aço damasco original e apresenta processamento totalmente diferente. Sua aparência superficial pode ser muito semelhante ao autêntico. Devido às propriedades mecânicas excepcionais e renome do aço de Damasco genuíno, é possível que este tenha inspirado o que é produzido por caldeamento, no intuito de replicar suas características. O damasco soldado acabou tendo seu desenvolvimento próprio e após séculos, uma rica variedade de tipos foi produzida, tendo atingido alto grau de refinamento, principalmente na Europa. A técnica de se formar lâminas compostas era conhecida na Europa desde antes da era cristã e permitia obterem-se espadas de melhor desempenho. Uma lâmina podia, por exemplo, possuir alma de aço com baixo teor de carbono e a região do corte composta de outro  aço com alto teor de carbono,

WOOTZ E A SUPERPLASTICIDADE

O wootz, um aço de cadinho UHC, já era conhecido na Ásia há 2 milênios, o estudo sistemático dos aços UHC começou apenas na década de 1970, nos EUA, durante pesquisas sobre superplasticidade dos aços com alto teor de carbono lideradas por Oleg Sherby.  A superplasticidade é uma propriedade interessante e, ao mesmo tempo, surpreendente, uma vez que se caracteriza pela manifestação de grande dutilidade (numa certa faixa temperatura), em  aços que, devido ao seu alto teor de carbono, são normalmente associados à fragilidade.  Durante estas pesquisas sobre comportamento superplástico de aços UHC, verificou-se que eles apresentavam composição semelhante as das renomadas espadas de Damasco medievais. Esta propriedade foi,  um dos fatores que permitiu o forjamento destas armas antigas. No começo dos anos 80, a equipe de Oleg D. Sherby e Jeffrey Wadsworth, da Universidade de Stanford, conseguiram desenvolver um método que, aparentemente,  conduz a microestruturas e padrão macroscópico muito si

WOOTZ - BULAT - DAMASCO

Na literatura, termos como aço de Damasco, wootz e bulat tem sido usados sem antes estabeler uma definição,isto pode causar confusão, uma vez que os termos se referem a materiais que tem propriedades e processos de produção diferentes. Vamos explicar as seguintes definições: WOOTZ: Lingote de aço de cadinho UHC produzido exclusivamente na Índia  AÇO DE CADINHO UHC: Conhecido como crucible steel na literatura. Este termo genérico refere-se, a todo aço de cadinho UHC que serve de matéria prima para a produção do aço de Damasco, englobando, portanto, tanto o wootz indiano como os aços de cadinho UHC da Ásia central. AÇO DE DAMASCO: Aço produzido a partir do aço UHC de cadinho. Durante seu processo de fabricação a matéria prima é submetida a uma série complexa de tratamentos termomecânicos com o objetivo principal de modificar a morfologia da cementita tornando o material tenaz e resistente.  O característico desenho em padrão ondulado é visível em sua superfície após ataque químico. As lâ

FORJANDO AÇO DAMASCO

Esta etapa engloba todos os processos de forja e tratamentos térmicos que tem a finalidade produzir o aço de Damasco.É a etapa mais critica na produção da espada de Damasco, uma vez que o processo é complexo e ao mesmo tempo delicado.  Requeria grande experiência e destreza por parte do ferreiro. Devido ao alto teor de carbono do aço de cadinho, uma rede de cementita proeutetóide circunda os grãos austeníticos, deixando todo o  material frágil. O forjamento é feito com a intenção de fragmentar essa rede continua de carboneto, diminuindo a fragilidade do aço.  Este procedimento não pode ser realizado a qualquer temperatura. A temperatura de trabalho devia situar-se, aprox. entre 650°C e 850°C, o que era muito difícil de controlar tendo como única referência a cor do metal. Se muito baixa, o material poderia romper devido à fragilidade decorrente da rede continua de cementita. Se a temperatura fosse muito alta, poderia haver fusão nos contornos de grão devido à presença de carboneto ness

O AÇO DAMASCO E A CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA

Entre aprox. 750 e 1250 d.C. o mundo muçulmano (Califado Abássida) viveu seu apogeu como civilização, alcançando níveis de desenvolvimento cultural, científico, intelectual e econômico poucas vezes vistos na história da humanidade.  Durante o período, o império islâmico esteve na vanguarda nos mais diversos campos do saber; matemática, astronomia, química (alquimia), mineralogia, medicina, ótica, filosofia.  Esta civilização compilou, traduziu, analisou e desenvolveu um enorme corpo de conhecimento trazido da antiga Grécia, dos bizantinos, das civilizações Egípcia, Persa, Indiana e Chinesa. Foi a época de ouro do Islamismo.  Ricas trocas culturais e tecnológicas entre essas grandes civilizações foram, por diversas vezes, mediadas pelos povos nômades da Ásia central.  Pode-se dizer que a sua grande riqueza étnico-cultural foi  consequência (e causa) das dimensões continentais do Império da época. A economia floresceu e as riquezas fluíam livremente no interior de seus limites. Este enor

ESPADAS DE DAMASCO

Imagem
A tabela acima apresenta propriedades mecânicas de três exemplares de espadas de Damasco genuínas.

LIMAS: TIPOS - CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO

A lima é uma ferramenta fabricada com aço carbono temperado e cujas faces apresentam dentes cortantes chamados de picado. LIMAS SERRA DE ENGENHO são chamadas assim porque são usadas na afiação de serra de engenho ou circulares nas serrarias. Estas limas também tem utilidade para afiar traçadores, facas de segadeiras mecânicas, assim como em trabalho de torno, para aplanar com a lima atravessada em materiais de ligas de latão e bronze; e para acabamentos lisos em geral. LIMAS DE ÂNGULO LONGO para torno, com dentes cortados em ângulo muito mais longo que o da limas serra de engenho. LIMA DENTE EM LÂMINA, para alguns metais moles ou ligas, tais como o alumínio, o cobre, o latão, bem como o plástico, borracha vulcanizada, madeira, que combina o desbaste rápido do material com excelentes propriedades de alisamento.  LIMAS PARA LATÃO, (assim como a lima para alumínio), tem um corte inferior fino, de ângulo longo, formando pequenas ondas que despedaçam a limalha, permitindo que a lima se livr

QUÍMICA DOS AÇOS

A composição química é o DNA ou código fonte do aço.  O carbono pode ter concentrações de 0,008 a 2,11% da liga metálica. Ferro e carbono são elementos químicos da tabela periódica. O ferro é encontrado na natureza como minério de ferro (Fe2O3) mas após um processo metalúrgico ele é reduzido ao ferro que é usado na produção do aço. A diferenciação do ferro fundido é feita pela concentração do carbono na liga. Qualquer carbono adicional a 2,11%, a liga  é considerada ferro fundido. Exemplo: Ferro com 2,5% de carbono é ferro fundido. Ferro com 3% de carbono é ferro fundido. Os aço podem possuir outros elementos de liga.Alguns elementos adicionados ao aço são:  Cromo,Molibdênio,Níquel,Cobre,Silício,Nitrogênio,Titânio,Nióbio,Alumínio,Cobalto,Vanádio,Tungstênio,Cério. Elementos controlados podem ser adicionados:Manganês,Fósforo,Enxofre. Na prática a composição química pode ir bem mais além do que isso: Aço-carbono simples Aço-Níquel Aço-Níquel-Cromo Aço-Molibdênio Aço-Cromo Aço-Cromo-Vanádi

MASSA REFRATÁRIA - HAMOM

Três copos de argamassa refratária em pó,um copo de pó de carvão, uma colher de sopa de bicarbonato de sódio, e água com argila. Para fazer a água com argila, pegue um pedaço de argila e dissolva em um copo d’água. Misture os ingredientes e vá adicionando a água com argila até dar o ponto. Se preciso, faça mais água. O ponto é o de purê de batata.  Antes de aplicar, enrole um arame em volta da lâmina com um espaço de 3/4 a 1 pol. entre as voltas, dependendo do tamanho da lâmina o espaço pode ser menor. Aplique a argila com uma espátula,numa espessura de 1 a 2 mm.  A espessura varia de acordo com o aço usado e o efeito desejado. Quando começar a secar, a argila vai rachar, mas é só molhar o dedo e esfregar por cima que as rachaduras fecham. Quando secar, a argila vai ficar cinza/branca. Para que a linha de têmpera fique nítida, deve-se aquecer TODA A LÂMINA. O resfriamento tem que ser ÍNTEGRAL, não só a parte descoberta. A lâmina tem que ser resfriada rapidamente. Para revelar a linha d

ANTIGOS FERREIROS

Eram manipuladores do fogo e do ferro, passaram a ser investidos de identidades sagradas, pertenciam a um grupo restrito, aqueles que ousavam desafiar as forças da natureza vindas das entranhas da Terra, combinando-as com os poderes de transmutação do fogo, aprendidos nas forjas. Aos ferreiros foi conferido um status especial – algumas culturas exigiam que o ferreiro vivesse à parte da comunidade e não fosse circuncidado de modo a não consumir a força masculina – que lhe permitia lidar com essas forças poderosas. Forjar o ferro não é mais do que uma recriação do interior da Terra: uma gigantesca fornalha de ferro derretido, que cria os campos magnéticos que protegem o planeta. Cada vez que um ferreiro forja uma lâmina está recriando a essência da Terra, oculta sob a crosta e o manto.

RECOZIMENTO

É o tratamento térmico realizado com o fim de alcançar um ou vários dos seguintes objetivos: remover tensões devidas aos tratamentos mecânicos a frio ou a quente, diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade do aço, alterar as propriedades mecânicas como resistência, ductilidade, etc., modificar características elétricas e magnéticas, ajustar o tamanho de grão, regularizar a textura bruta de fusão, remover gases, produzir uma microestrutura definida, eliminar enfim os efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou mecânicos a que o aço tenha sido submetido anteriormente. Os processos de recozimento subdividem-se ainda em: processo de recozimento total ou pleno, recozimento isotérmico ou cíclico, coalescimento ou ainda recozimento para alívio de tensões. O recozimento total ou pleno consiste em aquecer o aço acima da zona crítica, durante o tempo necessário e suficiente para se ter solução do carbono ou dos elementos de liga no ferro gama, seguido de um resfriamento muito lento, seja m

DESCARBONETAÇÃO UM POUCO DA TEORIA

A descarbonetação varia com o grau do material, temperabilidade, atmosfera do forno, potencial de carbono e o tipo de processo de tratamento térmico realizado. As peças descarbonetadas apresentam menor dureza superficial, menor resistência ao desgaste e menor vida útil. A descarbonetação total, também conhecida como descarbonetação do tipo 1, é a profundidade na qual a microestrutura da superfície é ferrita livre; ou seja, a profundidade até a qual houve 100% de perda de carbono.  A descarbonetação parcial, também conhecida como descarbonetação do tipo 2 ou tipo 3, é aquela profundidade da superfície onde houve alguma perda (maior ou menor que 50%, respectivamente), mas não há profundidade mensurável de descarbonetação completa. Descobriu-se que a perda de carbono da superfície ocorre acima de 700˚C, quando a atmosfera do forno contém DIÓXIDO DE CARBONO, VAPOR DE ÁGUA, OXIGÊNIO E HIDROGÊNIO. O carbono presente no aço irá interagir com a atmosfera do forno e SAIRÁ DA SUPERFÍCIE EM FASE

PRATA DE LEI - OURO

As graduações presentes nos objetos de prata indicam o grau de pureza do material. Quanto maior a pureza, mais alto é o número da graduação. A prata em estado puro tem teor 999 ou 1000. A partir de 80% de pureza, a prata é chamada de lei, expressão que tem origem numa lei portuguesa do séc. XV, promulgada na tentativa de regulamentar a manufatura da prata. Hoje, na prática utiliza-se esta nomenclatura: - Prata Baixa: toda aquela que contenha mais de 200 milésimos de liga (cobre). - Prata de Lei teor 800: contém 20% de liga. - Prata de Lei teor 833: contém 16% de liga. - Prata de Lei teor 835: contém 16% de liga. - Prata de Lei teor 900: contém 10% de liga. - Prata de Lei teor 925 ou Sterling: contém 7,5% de liga. A alpaca vendida em lojas como prata baixa, não se trata de prata e sim de uma imitação. A alpaca é uma liga de niquel, cobre e zinco, tambem conhecida como prata alemã. OURO É classificado em kilate: - Ouro 24k: é o ouro totalmente puro - Ouro 22k: contém 8.33% de liga. - Our

ESPADAS NA IDADE MÉDIA

No final da Idade Média, uma espada custava mais ou menos tanto quanto os carros de hoje, era possível uma versão mais barata,  uma para o dia a dia. Uma espada barata na década de 1340 poderia custar cerca de 6 pence, o mesmo que um dia de salário de um arqueiro montado do exército Inglês servindo na França. Ilustrações de manuscritos mostram que não só haviam espadas baratas ao alcance de um soldado comum, mas muitos arqueiros usavam-nas como armas secundárias.

FACAS DE TESOURAS DE TOSQUIA

Há mais de um século estas tesouras eram empregadas na tosquia de ovelhas no Rio Grande do Sul. Por seu clima frio e boas pastagens de campo nativo, o Estado possui o maior rebanho de ovelhas do País e o maior acervo de tesouras de tosquia.  Substituídas por modernas máquinas de tosquiar foram esquecidas nos galpões das fazendas. Há muito tempo, de forma artesanal, essas antigas tesouras passaram a ser transformadas em facas por ferreiros e cuteleiros da zona da campanha no interior do Estado.    As tesouras importadas, produzidas com aço carbono de alto teor, com ligas semelhantes as encontradas nas facas Inglesas e Alemãs da época,despertaram o interesse dos Cuteleiros que passaram a transformar em facas de excelente qualidade. A transformação das tesouras em facas é tarefa trabalhosa e requer bons conhecimentos na área de Cutelaria. No seu formato original tem curvatura no sentido da ponta e do dorso para o fio e não apresenta toda a dureza que este aço pode oferecer, por ser desnec