Postagens

AÇO DAMASCO & METALOGRAFIA

Diferente do que ocorreu com outras ciências puras, ao longo da história, a metalurgia tem se beneficiado e desenvolvido, devido a interação a entre teoria e o conhecimento empírico.  Nesta área do saber, é muito evidente como a observação  prática e sua aplicação, precederam o conhecimento científico.  A cristalinidade dos metais foi constatada não como produto de uma previsão teórica, mas sim por meio da observação direta com microscópio. Interessante notar que isto ocorreu cerca de dois séculos depois que a biologia os utilizasse para seus estudos. Isto se deu, principalmente, porque as superfícies do metal a ser  observado deviam sofrer um tratamento adequado para, então, poderem ser observadas ao microscópio, fato que não era óbvio. Neste caso, não foi o conceito que  levou à descoberta, mas sim a própria observação empírica.  Os metais são constituídos de pequenos cristais, chamados hoje de grãos. Embora este fato só tenha sido plenamente compreendido pela ciência ao final do séc

ESTUDOS SOBRE O AÇO DAMASCO

Os primeiros textos citando o aço  damasco aparecem ainda no séc. IX com al Kindi Khora-sani um dos maiores filósofos/cientista islâmico medieval. Al Kindi era um gênio versátil. Suas contribuições abrangem astronomia, lógica, matemática, química, geometria física, medicina e música.  Os primeiros estudos científicos do aço de Damasco começaram com Pearson, na Inglaterra em 1795, que em seu trabalho sobre o aço indiano wootz concluiu que este se tratava mais de um aço do que de ferro.  Em 1804 Sherby e Wadsworth concluiram que o wootz continha alto teor de carbono e que isso podia ter relação com a formação do padrão de damasco das espadas. Em 1820, instigado pelos trabalhos de Sherby e Wadsworth, o cientista britânico Michael Faraday, que era filho de ferreiro e que ficaria mais conhecido por seus trabalhos em eletromagnetismo, também consagrou esforços para entender o wootz. Na França, liderando um grupo de cientistas, Breant chegou a  conclusão que a estrutura do aço damasco era for

REVENIMENTO: AJUSTE DA DUREZA E AUMENTO DA TENACIDADE

Imagem
O principal objetivo do revenimento é aumentar a tenacidade do material temperado. No entanto, existe outro objetivo importante no revenimento que é o ajuste de dureza. O que se faz é "calibrar" a dureza para valores menores que aqueles obtidos na têmpera, através da seleção adequada da temperatura e do tempo de revenimento. Faz-se isto consultando tabelas ou gráficos específicos para cada tipo de aço no qual é informada a faixa de dureza a ser obtida no revenido a uma determinada temperatura e tempo.  A tabela abaixo mostra um exemplo de  gráfico de revenido, onde pode-se obter uma orientação do tempo e temperatura necessários para atingir uma determinada dureza.

AÇO 5160 TENACIDADE DUREZA TEMPERATURA DE REVENIMENTO

Imagem
Os gráficos abaixo apresentam o comportamento da tenacidade e dureza do aço 5160 em função da temperatura de revenimento. Observe que, para um bom valor de tenacidade a temperatura de revenimento deve ser ao menos 190°C, sendo que a dureza cai quase que linearmente com o aumento da temperatura de revenimento. Logo a temperatura de revenimento deve ser algo em torno de 190 e 200°C. O aço 5160 tem uma tenacidade muito boa com um tratamento térmico usando uma temperatura de austenitização de 815/830°C e revenido a 190/205 °C.   Tratado termicamente com uma etapa criogênica, o resultado será        58,5/59,5 Hrc e tenacidade muito alta. 

DIAGRAMA DE FASE

Imagem
O diagrama de fase Ferro-Carbono (FeC) é uma representação gráfica que correlaciona a composição química da liga FeC com a temperatura, mostrando quais fases estão presentes em determinada composição e temperatura. O diagrama de fase é conhecido também por “diagrama de equilíbrio”, pois considera que há tempo suficiente para liga metálica se transformar na sua estrutura mais estável. TERMINOLOGIA UTILIZADA NO DIAGRAMA DE FASE AUSTENITA: É a fase da liga FeC com estrutura cristalina CFC, pode dissolver uma maior quantidade de carbono que a ferrita, chegando ao máximo em 2,0% de carbono dissolvido. CEMENTITA: É o carboneto de ferro (Fe3C), que é um material duro, resistente ao desgaste e frágil. Com um percentual de carbono de 6,67%. COMPONENTES: São os elementos químicos que fazem parte da liga metálica. No caso do diagrama de equilíbrio são considerados como componentes o Ferro (Fe) e o Carbono (C). EQUILÍBRIO: é a condição de mínima energia livre de um material, na condiçã

TEORIA x PRÁTICA

A teoria é fundamental para a prática, uma vez que aborda uma série de assuntos que serão vivenciados na cutelaria. Os conhecimentos teoricos são essenciais para ter uma formação completa. Aliar a teoria com a prática é fundamental para o crescimento do profissional.  O conhecimento teórico básico sobre metalurgia encurta o aprendizado prático, pois evita muitos erros e orienta na aplicação correta dos tratamentos térmicos.  O cuteleiro terá uma ideia preliminar dos resultados que serão obtidos num determinado processo.

METALURGIA

É a ciência que estuda e gerencia os metais desde sua extração do subsolo até sua transformação em produtos adequados ao uso. Metalurgia designa um conjunto de procedimentos e técnicas para extração, fabricação, fundição e tratamento dos metais e suas ligas. Hoje em dia, dispomos de uma enorme variedade de ligas metálicas com as mais diversas propriedades mecânicas. Para uso em cutelaria há também uma grande variedade de materiais disponíveis, sendo que devemos o material correto de acordo com a aplicação, sendo observadas as principais propriedades: Forjabilidade Usinabilidade Facilidade no tratamento térmico Afiabilidade Retenção de fio Disponibilidade Custo Resistência mecânica Tenacidade Dureza Resistência a corrosão Resistência ao desgaste Nenhum aço vai possuir em maior grau todas essas propriedades. O cuteleiro deve conhecer as propriedades do material que está trabalhando, principalmente as recomendações sobre tratamento térmico. Dessa forma, irá aproveitar ao máximo o que o aç

ETAPAS DO REVENIMENTO

Dependendo da temperatura, o revenimento apresentará aspectos diferentes, ocorrendo o seguinte: *REVENIMENTO ABAIXO DE 120ºC: a martensita, saturada de carbono, começa a liberar esse elemento na forma de carbonetos complexos (Fe12C5) progressivamente. Ocorre somente um distencionamento da martensita, e não um revenimento propriamente dito. O aspecto  metalográfico praticamente não muda.  *REVENIMENTO ENTRE 120/250ºC: esta é a zona para o revenimento de alta resistência ao corte. A medida que a temperatura aumenta as tensões internas diminuem o que melhora a resistencia ao choque, começa o aparecimento de microestrutura de martensita revenida e a dureza em aços comuns é da ordem de 65 – 60 HRc.  *REVENIMENTO ENTRE 250/300ºC: zona de resistência ao choque e menor dureza. As tensões  internas diminuem mais ainda pois nesta fase começa a surgir uma microestrutura mesclada  de martensita e troostita, a dureza cai para 50 – 60 HRc.  *REVENIMENTO ENTRE 300/400ºC: zona de melhor resistencia ao

PRODUZINDO O VERDADEIRO AÇO DAMASCO

Este experimento fundamentou-se, principalmente, em experiências  detalhadas descritas por Laura Garcia Sanchez (SANCHEZ, 2011) e O. Sherby (SHERBY, 1980, 2001). Atmosfera inerte foi utilizada de forma a impedir a oxidação do metal, a carga consistia apenas em placas de ferro e carbono grafite. O aquecimento foi lento, controlado por pirômetro óptico, levando cerca 1 hora para atingir perto de 1400°C. Constatada a fusão da carga, o forno foi desligado. O resfriamento lento tinha por alvo produzir uma microestrutura de grandes grãos com presença maciça de cementita nos contornos.  Era esperada também, a presença de cementita de widmanstatten no interior dos grãos. As micrografias abaixo revelam que a microestrutura prevista foi obtida. Além disso, a  análise química revelou que o teor de carbono obtido foi de 1,64%,  totalmente compatível com o encontrado nas lâminas de Damasco medievais. Em seguida, o material foi submetido ao tratamento de austenitização a 1150°C por 5 horas, seguido

AÇO DAMASCO & METALOGRAFIA

Diferente do que ocorreu com outras ciências puras, ao longo da história, ametalurgia tem se beneficiado e desenvolvido da valiosa interação entre teoria e o conhecimento empírico. Nesta área do saber, é muito evidente como a observação  prática e sua aplicação, precederam o conhecimento científico.  A cristalinidade dos metais foi constatada não como produto de uma previsão teórica, mas sim por meio da observação direta com microscópio. Interessante notar que isto ocorreu cerca de dois séculos depois que a biologia os utilizasse para seus estudos. Isto se deu, principalmente, porque as superfícies do metal a ser  observado deviam sofrer um tratamento adequado para, então, poderem ser observadas ao microscópio, fato que não era óbvio. Neste caso, não foi o conceito que  levou à descoberta, mas sim a própria observação empírica.  Os metais são constituídos de pequenos cristais, chamados hoje de grãos. Embora este fato só tenha sido plenamente compreendido pela ciência ao final do século

FALSO DAMASCO OU DAMASCO CALDEADO

Estas lâminas são produzidas a partir da sobreposição mecânica de placas com alto e baixo teores de carbono alternados. Obviamente não é produzido a partir de um único material, como no caso do aço damasco original e apresenta processamento totalmente diferente. Sua aparência superficial pode ser muito semelhante ao autêntico. Devido às propriedades mecânicas excepcionais e renome do aço de Damasco genuíno, é possível que este tenha inspirado o que é produzido por caldeamento, no intuito de replicar suas características. O damasco soldado acabou tendo seu desenvolvimento próprio e após séculos, uma rica variedade de tipos foi produzida, tendo atingido alto grau de refinamento, principalmente na Europa. A técnica de se formar lâminas compostas era conhecida na Europa desde antes da era cristã e permitia obterem-se espadas de melhor desempenho. Uma lâmina podia, por exemplo, possuir alma de aço com baixo teor de carbono e a região do corte composta de outro  aço com alto teor de carbono,

WOOTZ E A SUPERPLASTICIDADE

O wootz, um aço de cadinho UHC, já era conhecido na Ásia há 2 milênios, o estudo sistemático dos aços UHC começou apenas na década de 1970, nos EUA, durante pesquisas sobre superplasticidade dos aços com alto teor de carbono lideradas por Oleg Sherby.  A superplasticidade é uma propriedade interessante e, ao mesmo tempo, surpreendente, uma vez que se caracteriza pela manifestação de grande dutilidade (numa certa faixa temperatura), em  aços que, devido ao seu alto teor de carbono, são normalmente associados à fragilidade.  Durante estas pesquisas sobre comportamento superplástico de aços UHC, verificou-se que eles apresentavam composição semelhante as das renomadas espadas de Damasco medievais. Esta propriedade foi,  um dos fatores que permitiu o forjamento destas armas antigas. No começo dos anos 80, a equipe de Oleg D. Sherby e Jeffrey Wadsworth, da Universidade de Stanford, conseguiram desenvolver um método que, aparentemente,  conduz a microestruturas e padrão macroscópico muito si

WOOTZ - BULAT - DAMASCO

Na literatura, termos como aço de Damasco, wootz e bulat tem sido usados sem antes estabeler uma definição,isto pode causar confusão, uma vez que os termos se referem a materiais que tem propriedades e processos de produção diferentes. Vamos explicar as seguintes definições: WOOTZ: Lingote de aço de cadinho UHC produzido exclusivamente na Índia  AÇO DE CADINHO UHC: Conhecido como crucible steel na literatura. Este termo genérico refere-se, a todo aço de cadinho UHC que serve de matéria prima para a produção do aço de Damasco, englobando, portanto, tanto o wootz indiano como os aços de cadinho UHC da Ásia central. AÇO DE DAMASCO: Aço produzido a partir do aço UHC de cadinho. Durante seu processo de fabricação a matéria prima é submetida a uma série complexa de tratamentos termomecânicos com o objetivo principal de modificar a morfologia da cementita tornando o material tenaz e resistente.  O característico desenho em padrão ondulado é visível em sua superfície após ataque químico. As lâ

FORJANDO AÇO DAMASCO

Esta etapa engloba todos os processos de forja e tratamentos térmicos que tem a finalidade produzir o aço de Damasco.É a etapa mais critica na produção da espada de Damasco, uma vez que o processo é complexo e ao mesmo tempo delicado.  Requeria grande experiência e destreza por parte do ferreiro. Devido ao alto teor de carbono do aço de cadinho, uma rede de cementita proeutetóide circunda os grãos austeníticos, deixando todo o  material frágil. O forjamento é feito com a intenção de fragmentar essa rede continua de carboneto, diminuindo a fragilidade do aço.  Este procedimento não pode ser realizado a qualquer temperatura. A temperatura de trabalho devia situar-se, aprox. entre 650°C e 850°C, o que era muito difícil de controlar tendo como única referência a cor do metal. Se muito baixa, o material poderia romper devido à fragilidade decorrente da rede continua de cementita. Se a temperatura fosse muito alta, poderia haver fusão nos contornos de grão devido à presença de carboneto ness

O AÇO DAMASCO E A CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA

Entre aprox. 750 e 1250 d.C. o mundo muçulmano (Califado Abássida) viveu seu apogeu como civilização, alcançando níveis de desenvolvimento cultural, científico, intelectual e econômico poucas vezes vistos na história da humanidade.  Durante o período, o império islâmico esteve na vanguarda nos mais diversos campos do saber; matemática, astronomia, química (alquimia), mineralogia, medicina, ótica, filosofia.  Esta civilização compilou, traduziu, analisou e desenvolveu um enorme corpo de conhecimento trazido da antiga Grécia, dos bizantinos, das civilizações Egípcia, Persa, Indiana e Chinesa. Foi a época de ouro do Islamismo.  Ricas trocas culturais e tecnológicas entre essas grandes civilizações foram, por diversas vezes, mediadas pelos povos nômades da Ásia central.  Pode-se dizer que a sua grande riqueza étnico-cultural foi  consequência (e causa) das dimensões continentais do Império da época. A economia floresceu e as riquezas fluíam livremente no interior de seus limites. Este enor

ESPADAS DE DAMASCO

Imagem
A tabela acima apresenta propriedades mecânicas de três exemplares de espadas de Damasco genuínas.

LIMAS: TIPOS - CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO

A lima é uma ferramenta fabricada com aço carbono temperado e cujas faces apresentam dentes cortantes chamados de picado. LIMAS SERRA DE ENGENHO são chamadas assim porque são usadas na afiação de serra de engenho ou circulares nas serrarias. Estas limas também tem utilidade para afiar traçadores, facas de segadeiras mecânicas, assim como em trabalho de torno, para aplanar com a lima atravessada em materiais de ligas de latão e bronze; e para acabamentos lisos em geral. LIMAS DE ÂNGULO LONGO para torno, com dentes cortados em ângulo muito mais longo que o da limas serra de engenho. LIMA DENTE EM LÂMINA, para alguns metais moles ou ligas, tais como o alumínio, o cobre, o latão, bem como o plástico, borracha vulcanizada, madeira, que combina o desbaste rápido do material com excelentes propriedades de alisamento.  LIMAS PARA LATÃO, (assim como a lima para alumínio), tem um corte inferior fino, de ângulo longo, formando pequenas ondas que despedaçam a limalha, permitindo que a lima se livr

QUÍMICA DOS AÇOS

A composição química é o DNA ou código fonte do aço.  O carbono pode ter concentrações de 0,008 a 2,11% da liga metálica. Ferro e carbono são elementos químicos da tabela periódica. O ferro é encontrado na natureza como minério de ferro (Fe2O3) mas após um processo metalúrgico ele é reduzido ao ferro que é usado na produção do aço. A diferenciação do ferro fundido é feita pela concentração do carbono na liga. Qualquer carbono adicional a 2,11%, a liga  é considerada ferro fundido. Exemplo: Ferro com 2,5% de carbono é ferro fundido. Ferro com 3% de carbono é ferro fundido. Os aço podem possuir outros elementos de liga.Alguns elementos adicionados ao aço são:  Cromo,Molibdênio,Níquel,Cobre,Silício,Nitrogênio,Titânio,Nióbio,Alumínio,Cobalto,Vanádio,Tungstênio,Cério. Elementos controlados podem ser adicionados:Manganês,Fósforo,Enxofre. Na prática a composição química pode ir bem mais além do que isso: Aço-carbono simples Aço-Níquel Aço-Níquel-Cromo Aço-Molibdênio Aço-Cromo Aço-Cromo-Vanádi

MASSA REFRATÁRIA - HAMOM

Três copos de argamassa refratária em pó,um copo de pó de carvão, uma colher de sopa de bicarbonato de sódio, e água com argila. Para fazer a água com argila, pegue um pedaço de argila e dissolva em um copo d’água. Misture os ingredientes e vá adicionando a água com argila até dar o ponto. Se preciso, faça mais água. O ponto é o de purê de batata.  Antes de aplicar, enrole um arame em volta da lâmina com um espaço de 3/4 a 1 pol. entre as voltas, dependendo do tamanho da lâmina o espaço pode ser menor. Aplique a argila com uma espátula,numa espessura de 1 a 2 mm.  A espessura varia de acordo com o aço usado e o efeito desejado. Quando começar a secar, a argila vai rachar, mas é só molhar o dedo e esfregar por cima que as rachaduras fecham. Quando secar, a argila vai ficar cinza/branca. Para que a linha de têmpera fique nítida, deve-se aquecer TODA A LÂMINA. O resfriamento tem que ser ÍNTEGRAL, não só a parte descoberta. A lâmina tem que ser resfriada rapidamente. Para revelar a linha d

ANTIGOS FERREIROS

Eram manipuladores do fogo e do ferro, passaram a ser investidos de identidades sagradas, pertenciam a um grupo restrito, aqueles que ousavam desafiar as forças da natureza vindas das entranhas da Terra, combinando-as com os poderes de transmutação do fogo, aprendidos nas forjas. Aos ferreiros foi conferido um status especial – algumas culturas exigiam que o ferreiro vivesse à parte da comunidade e não fosse circuncidado de modo a não consumir a força masculina – que lhe permitia lidar com essas forças poderosas. Forjar o ferro não é mais do que uma recriação do interior da Terra: uma gigantesca fornalha de ferro derretido, que cria os campos magnéticos que protegem o planeta. Cada vez que um ferreiro forja uma lâmina está recriando a essência da Terra, oculta sob a crosta e o manto.

RECOZIMENTO

É o tratamento térmico realizado com o fim de alcançar um ou vários dos seguintes objetivos: remover tensões devidas aos tratamentos mecânicos a frio ou a quente, diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade do aço, alterar as propriedades mecânicas como resistência, ductilidade, etc., modificar características elétricas e magnéticas, ajustar o tamanho de grão, regularizar a textura bruta de fusão, remover gases, produzir uma microestrutura definida, eliminar enfim os efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou mecânicos a que o aço tenha sido submetido anteriormente. Os processos de recozimento subdividem-se ainda em: processo de recozimento total ou pleno, recozimento isotérmico ou cíclico, coalescimento ou ainda recozimento para alívio de tensões. O recozimento total ou pleno consiste em aquecer o aço acima da zona crítica, durante o tempo necessário e suficiente para se ter solução do carbono ou dos elementos de liga no ferro gama, seguido de um resfriamento muito lento, seja m

DESCARBONETAÇÃO UM POUCO DA TEORIA

A descarbonetação varia com o grau do material, temperabilidade, atmosfera do forno, potencial de carbono e o tipo de processo de tratamento térmico realizado. As peças descarbonetadas apresentam menor dureza superficial, menor resistência ao desgaste e menor vida útil. A descarbonetação total, também conhecida como descarbonetação do tipo 1, é a profundidade na qual a microestrutura da superfície é ferrita livre; ou seja, a profundidade até a qual houve 100% de perda de carbono.  A descarbonetação parcial, também conhecida como descarbonetação do tipo 2 ou tipo 3, é aquela profundidade da superfície onde houve alguma perda (maior ou menor que 50%, respectivamente), mas não há profundidade mensurável de descarbonetação completa. Descobriu-se que a perda de carbono da superfície ocorre acima de 700˚C, quando a atmosfera do forno contém DIÓXIDO DE CARBONO, VAPOR DE ÁGUA, OXIGÊNIO E HIDROGÊNIO. O carbono presente no aço irá interagir com a atmosfera do forno e SAIRÁ DA SUPERFÍCIE EM FASE

PRATA DE LEI - OURO

As graduações presentes nos objetos de prata indicam o grau de pureza do material. Quanto maior a pureza, mais alto é o número da graduação. A prata em estado puro tem teor 999 ou 1000. A partir de 80% de pureza, a prata é chamada de lei, expressão que tem origem numa lei portuguesa do séc. XV, promulgada na tentativa de regulamentar a manufatura da prata. Hoje, na prática utiliza-se esta nomenclatura: - Prata Baixa: toda aquela que contenha mais de 200 milésimos de liga (cobre). - Prata de Lei teor 800: contém 20% de liga. - Prata de Lei teor 833: contém 16% de liga. - Prata de Lei teor 835: contém 16% de liga. - Prata de Lei teor 900: contém 10% de liga. - Prata de Lei teor 925 ou Sterling: contém 7,5% de liga. A alpaca vendida em lojas como prata baixa, não se trata de prata e sim de uma imitação. A alpaca é uma liga de niquel, cobre e zinco, tambem conhecida como prata alemã. OURO É classificado em kilate: - Ouro 24k: é o ouro totalmente puro - Ouro 22k: contém 8.33% de liga. - Our

ESPADAS NA IDADE MÉDIA

No final da Idade Média, uma espada custava mais ou menos tanto quanto os carros de hoje, era possível uma versão mais barata,  uma para o dia a dia. Uma espada barata na década de 1340 poderia custar cerca de 6 pence, o mesmo que um dia de salário de um arqueiro montado do exército Inglês servindo na França. Ilustrações de manuscritos mostram que não só haviam espadas baratas ao alcance de um soldado comum, mas muitos arqueiros usavam-nas como armas secundárias.

FACAS DE TESOURAS DE TOSQUIA

Há mais de um século estas tesouras eram empregadas na tosquia de ovelhas no Rio Grande do Sul. Por seu clima frio e boas pastagens de campo nativo, o Estado possui o maior rebanho de ovelhas do País e o maior acervo de tesouras de tosquia.  Substituídas por modernas máquinas de tosquiar foram esquecidas nos galpões das fazendas. Há muito tempo, de forma artesanal, essas antigas tesouras passaram a ser transformadas em facas por ferreiros e cuteleiros da zona da campanha no interior do Estado.    As tesouras importadas, produzidas com aço carbono de alto teor, com ligas semelhantes as encontradas nas facas Inglesas e Alemãs da época,despertaram o interesse dos Cuteleiros que passaram a transformar em facas de excelente qualidade. A transformação das tesouras em facas é tarefa trabalhosa e requer bons conhecimentos na área de Cutelaria. No seu formato original tem curvatura no sentido da ponta e do dorso para o fio e não apresenta toda a dureza que este aço pode oferecer, por ser desnec

BESOURO E FORMIGA

Imagem
BESOURO & FORMIGA  Estas duas marcas são as grandes paixões dos gaúchos.Produzidas na década de 30, forjadas com aço carbono de alto teor, estas duas marcas tem a mesma qualidade. São lâminas para atividades do dia a dia, conquistaram o homem do campo e logo passaram a ser disputadas por churrasqueiros e colecionadores da cidade. Mesmo quem possui peças de cutelaria fina internacional não deixa de ter em seu acervo exemplares da Formiga e Besouro.  ESTAS FACAS TEM SIDO FALSIFICADAS NA FRONTEIRA OESTE DO ESTADO, ZONA DA CAMPANHA, DIVISA COM URUGUAI E ARGENTINA, COM GRANDE INCIDÊNCIA EM URUGUAIANA, SANTA MARIA, ROSÁRIO DO SUL E BAGÉ ! É um fato lamentável, pois nessas regiões os gaúchos costumam andar pilchados e usar na cintura facas e adagas dessas duas marcas, muitas falsificadas. Mas são as facas e facões da marca TOURO (Hans Wolf) as peças mais valiosas e mais disputadas pelos gaúchos. Foram produzidas por forjafores de Solingen, são rústicas, robustas e raras. J. A.

BASTÃO JÔ

Shindo Muso ryu é o estilo mais conhecido de manejo do Jô (Jojutsu). Foi criado por volta de 1605 pelo samurai Muso Gonnosuke Katsuyoshi. Com o passar dos séculos o Shindo Muso Ryu agregou outros estilos, mantendo vivas algumas das mais raras técnicas dos samurais, se tornando um dos mais importantes e tradicionais estilos de kobudo existentes hoje. A história do Shindo Muso Ryu está diretamente ligada ao encontro que Muso Gonnosuke teve com o famoso samurai Miyamoto Musashi. Os samurais se encontraram na cidade de Edo (atual Tóquio) em 1605. Assim como Musashi, Gonnosuke vinha a anos fazendo Musha Shugyo, peregrinação pelo Japão em busca de aperfeiçoamento. Em seu Shugyo, Gonnosuke lutou com o pai de Musashi, Shinmem Munisai. Talvez por esta razão tenha escolhido se confrontar também com seu filho. Existem diversos relatos que narram este duelo. Acredita-se que Miyamoto Musashi usou uma espada de madeira, enquanto Gonnosuke uma espada longa. Os detalhes do embate não são claros, mas é

BREVE HISTÓRIA DO KARAMBIT

*Steve Tarani, especialista em prontidão operacional, instrutor de opções de força certificado pelo governo federal. Presta serviços ao Departamento de Defesa dos EUA, Agência de Segurança Nacional, FBI, Departamento de Segurança Interna e Drug Enforcement Administration* De acordo com meus mestres e a tradição oral que foi transmitida de mestre para discípulo por séculos, antes de 1280 dC, a maior parte de Java Ocidental fazia parte dos reino Pajajaran. A tribo Badui de Java Ocidental, povo aborígene de Sunda, considerado do grupo étnico Pajajaran, viveu de forma relativamente pacífica até a vinda do império Majapahit (circa 1351 AD). Naquela época, a tribo Badui rapidamente migrou para a região montanhosa acidentada do ocidente, trouxe as suas armas e manteve-se independente. Os antigos reis de Sunda eram considerados muito poderosos. Quando um rei morria, seus súditos acreditavam que seu espírito voava pela selva e tornava-se o espírito de um tigre. Existem dois termos para o tigre

ESTRUTURA E USO DO BASTÃO E DAS ARMAS DE HASTE

O bastão é uma vara cilíndrica com espessura aproximada de 4 a 6 centímetros, usualmente feito de madeira de lei - como carvalho, freixo ou nogueira. É encontrado em tamanhos diferentes: curto, de 2 a 3 metros e longo, de 4 a 5 metros. Outras armas de haste possuem comprimentos variados – de 2 metros a até mesmo 6 metros, no caso de alguns piques. O formato de suas pontas varia de acordo com sua função, podendo ser encontrados martelos, ponta afiadas, lâminas e combinações de diferentes elementos ofensivos. O alcance ofensivo das armas de haste, apesar de muito maior do que o de uma espada, lhes conferem algumas desvantagens. Se, por um lado, a maior distância do oponente confere proteção, por outro, torna-se impossível criar uma ameaça em um espaço pequeno que limite seu manuseio. Uma vez que o oponente se aproxime o suficiente, o comprimento da arma torna-se um problema. Devido ao tamanho de suas hastes, as técnicas dão ênfase a estocadas e a movimentos amplos em arcos, de forma que

ARMADURA MEDIEVAL

A cota de malha, uma das formas mais populares de armadura é consideravelmente antiga, e isso nos mostra quão eficiente ela era. Os registros da cota de malha datam ao 3º século AC e o design sobrevive até o século XIV DC. A manufatura dessa armadura era feita de vários anéis de ferro intrelaçados em forma de uma camiseta, com ou sem um “capuz”. As diferentes partes da cota de malha tinham nomes. O capuz era chamado de “coifa”, a camiseta possuía duas variantes: o hauberk para a versão longa que cobria até a metade das coxas, e o haubergeon que cobria até a cintura. O termo vem do Francico antigo halsberg , que significa um pequeno pedaço de malha que protege (“bergen”, literalmente “dar proteção, salvar, socorrer”) a garganta e o pescoço (hals). Esse tipo de armadura não era barato, tanto em custo (anéis de ferro) quanto manufatura, então o soldado comum, inicialmente, raramente seria equipado com ela. Isso não só significa que apenas os mais ricos podiam usar a cota de malha, mas um

KARAMBIT BESAR

Um protótipo de karambit, muito maior do que as dimensões atuais, nasceu como uma arma de batalha e foi chamado de karambit Besar (grande karambit).  A lâmina costumava ser embebida em veneno para torná-la ainda mais letal, enquanto a forma curva favorecia técnicas destinadas a cortar os vasos sanguíneos e cortar os tendões dos braços e pernas.     Com o tempo, o tamanho da lâmina foi cada vez mais reduzido para torná-la mais manejável, até atingir o tamanho atual.  Em tempos de paz, o karambit era relegado ao uso profissional. Com o advento das armas de fogo, o karambit, na guerra, passou a ser apenas uma arma secundária, caso você fosse desarmado ou para agir em segredo.  Atualmente também é usado como arma de defesa pessoal e em várias disciplinas de artes marciais asiáticas, como pencak Silat ou kali. A forma mais antiga de karambit data do século XIII e era chamada de Kuku Bhima (Garra de Bhima).  Bhima era uma divindade hindu frequentemente representada com uma pequena lâmina na

TEMPERATURA DE FORJA

Muitos cuteleiros iniciantes na ânsia de começar a martelar, não aquecem o metal o suficiente e, uma vez que o aço não está maleável, o trabalho na forja é duplicado e pode deixar várias marcas na lâmina ou até mesmo quebrar a peça.   A maioria dos aços tem temperaturas de forja diferentes, é melhor monitorar a cor do aço em vez de observar há quanto tempo ele está na forja. Certifique-se que o aço está aquecido e retire-o da forja somente quando ele tiver um tom laranja vivo, para que esteja macio pra ser moldado.

O PROCESSO DE FORJAMENTO

O processo de forjamento pode parecer uma etapa simples da confecção de facas artesanais, mas ele é muito mais do que aquecer o aço e martelar na bigorna. Quando falamos em martelamento, muitas coisas podem dar errado se um cuteleiro não sabe como usar uma marreta corretamente, como destruir a face da bigorna, estragar a peça de trabalho, sofrer ferimentos, etc. Prestar atenção à técnica lhe permitirá ter mais agilidade e criar uma cadência na aplicação dos golpes de marreta, evitando acidentes e problemas, ao mesmo tempo em que melhora a qualidade das suas facas artesanais. Existem maneiras de melhorar suas técnicas de martelagem.   Use o pulso e não os ombros.   Ao contrário das imagens tradicionais de ferreiros, que levantam a mão no ar e golpeiam o martelo com força, o profissional martela com o pulso.  Usar o movimento do pulso enquanto martela, causa um impacto mais preciso no aço e também ajuda no detalhamento do objeto.   Ao martelar, certifique de usar todo o braço e não apena